Friday, October 23, 2009

Stories in the airport


Foto durante a viagem para a Escócia feita com a minha querida amiga Joana (2005)

Daqui a uma semana, a esta hora (15h40), já terei chegado a Frankfurt. Estarei no início da minha longa espera para apanhar o voo de Frankfurt-Porto às 21h20. Como sempre levarei um livro, alguns artigos do trabalho e o meu MP3. No entanto, é muito provável que me sente e fique estática nessas 7 horas de espera, sem ler, sem ouvir música, quase sem me mover. Como é possível? Não faço a mínima ideia, é como quando vou ao Centro de Saúde. Sento e espero. Observo as pessoas, acções e reacções, e penso. Ui, farto-me de pensar e viajar. Quem viaja bastante de avião e passa por diferentes aeroportos e escalas, tem sempre episódios engraçados ou curiosos para contar. Eu tenho vários, mas entre todos recordo um com uma atenção especial que se passou em Fevereiro de 2005, quando o meu Avô faleceu. Estava na Irlanda, e ao receber a notícia decidi ir a casa no fim-de-semana, acima de tudo, para apoiar a minha família. Nessa altura não havia voos de Dublin para o Porto, e por isso fazia escala em Londres (Standsted) (onde ainda cheguei também a passar umas belas noites, no meio de uma multidão que parecia transformar aquele aeroporto num pequeno parque de campismo). Cheguei ao aeroporto e sentei-me postrada, com a partida do meu Avô no pensamento. Olhei para o lado e um assento depois encontrava-se uma miúda, talvez da minha idade, a ler um livro. Eu reparei na sua mala, antiga e com um típico ar português. E perguntam-me “como é uma mala antiga com um típico ar português?”, não saberia explicar. Foi um feeling. Olhei-a e disse para mim "deve ser portuguesa". Claro que só depois fiz um esforço para perceber que livro lia e aí tive a certeza. Não me recordo que livro era (sou péssima para detalhes) mas fiz-lhe um comentário em relação ao mesmo. Na verdade não me apetecia nada falar, mas apetecia menos continuar naquele silêncio interior tão pesado e castrador. Ela sorriu e revelou ser daquelas miúdas super conversadoras e bem dispostas com toda a gente. Houve um momento em que pensei para mim “para que fui meter conversa!?”, isso porque não estava com energia para tanto. Mas deixei-me distrair pela história da sua vida, pelas suas palavras e a sua dinâmica. Estudava medicina veterinária e contou-me peripécias do seu dia-a-dia como veterinária em Inglaterra. Depois de alguma conversa perguntou-me se não queria dar uma volta pelas lojas, pois tinha de comprar algo para a “sua sogra”, que não era sogra mas assim lhe chamava (eu sorria!). Paramos na famosa loja de acessórios que se encontra em cada canto da Irlanda e Inglaterra, Accessorize. Cada uma para seu lado. Agarrei uns brincos por uns breves segundos e namorei-os por outros tantos. Coloquei-os no lugar e segui a minha visita. Quando a miúda encontrou o que quis para a “sogra”, ao pagar, mostrou-me os brincos que tinha antes namorado e simplesmente me disse que se apercebeu que me tinham gostado e os queria oferecer. Eu retorqui dizendo que nem pensar, não tinha jeito nenhum. Ela respondeu que um dia tinham feito o mesmo por ela e a fez sentir tão bem que só desejava fazer o mesmo por outra pessoa. Claro está que, naquele momento, não pelos brincos mas pela atitude, encheu-me o coração e fiquei sem saber como reagir. Foi daquelas situações meio estranhas que nos passam na vida, só mesmo por isso... porque têm de passar e fazer-nos pensar. Tenho realmente histórias curiosas vividas em aeroportos e aviões...

9 comments:

  1. A nossa viagem pela Escócia teve momentos muito especiais, com muitas gargalhadas, muito frio e muitos km de carro!!! Valeu, concerteza a pena!!!
    E um momento como esse que nos contaste... que bonito e que simples é fazermos o outro e a nós mesmos felizes, nem que seja por um momento apenas!...

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  2. Hola!!, muchas gracias por pasar por mi blog, yo habia encontrado el tuyo pero no habia leido mucho por que estaba en portugues, pero algo me hizo sentir atraida por tu blog y te segui, ahora encontre que puedo traducir al español lo que escribes! ya lo eh leido! y me encantó!
    Ademas una cosa mas yo soy de Saltillo!
    Es una lastima que ya no estes aquí, pero bueno gracias por hablar tan bien de mi ciudad, yo amo mi ciudad y me encanta y me gusta encontrar personas que disfruten de Saltillo tanto como yo!.

    Veo que viajas muchisimo!!!, ese mi sueño viajar y viajar por todo el mundo, pero aun no encuentro como hacerlo jaja.

    un Abrazote hasta portugal!
    jaja no se por que pero estoy muy feliz de haber encontrado tu blog!

    Saludos!
    Tessy!

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  3. Olá Silvia,

    Viu a importância dos pequenos gestos? Conversar com alguém que sente necessidade de falar, nem que seja para ajudar a passar o tempo, não tem de ser um frete. Pode tornar-se numa bela experiência, como a sua. E até numa lição de vida. A generosidade é uma das grandes virtudes. Essa desconhecida tinha aprendido a lição. E tal como recebeu um dia, não o esqueceu e encontrou no seu desejo a oportunidade de retribuir o que alguém terá feito por ela. E assim sucessivamente... conseguimos tornar o mundo melhor.
    Como sei que é merecedora de todo o apoio, vou dar-lhe uma sugestão para tornar mais tranquila a sua escala em Frankfürt: leve consigo uma muda de roupa confortável e adequada ao ambiente e clima que vai encontrar na Europa. Depois de desembarcar, como estará em trânsito, não abandona a área reservada do aeroporto; só tem de passar da zona não Shengen para a zona dos países que subscreveram o tratado de Shengen, que confere a livre circulação de pessoas entre os Estados-Membros aderentes. Nessa "fronteira", encontra uma casa de banho com duches, que é rigorosamente limpa e desinfectada após cada utilização, e que tem um custo acessível, direi até simbólico, atendendo ao conforto que proporciona um banho retemperador depois de um voo intercontinental. Isso vai ocupá-la algum tempo e refrescá-la para passar melhor a espera que se adivinha. E já pensou que assim não chega a Pedras Rubras toda "descabelada"?

    Beijo,

    Alex

    PS — Amanhã à noite vou voar de Frankfürt para Lisboa e vou tratar de reconhecer os detalhes todos, para que a Silvia não tenha dúvidas dentro de uma semana. Depois, logo lhe envio os detalhes.

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  4. My little butterfly :)

    A nossa viagem pela Escócia foi especial. Fez-nos crescer, lembras-te? Tudo o que vivemos juntas valeu sempre a pena. Se um dia escrevessemos algumas das nossas peripécias, desde a nossa adolescência até agora, iamos chorar a rir (e chorar um pouquinho também). Temos uma “caixinha de recuerdos” bem recheada. Há que continuar a guardar lá mais e mais momentos bons ;)

    Besos

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  5. Hola Tessy,

    Me dejas de sonrisa grandototota en el corazón con tus palabras :) La lengua portuguesa es muy similar al castellano (una vez que los dos idiomas derivan del latín). Podrás practicar un poquito tú portugués a través de mi blog y, cuando vayas a pasearte por Portugal por ejemplo, ya entenderás mejor la lengua ;) Todavía me encuentro en tu ciudad, viajo próximo jueves desde Monterrey. ¡Pero quizá un día, durante uno de tus viajes, nos encontremos! El mundo es muy chiquito ;) Besitos**

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  6. Olá Alexandre,

    Sem dúvida que há pequenos gestos que têm um valor incomensurável. E este foi um deles. À parte da atitude preciosa dessa pessoa, foi o momento em si. O meu estado de espírito absorveu toda aquela energia boa, porque de facto a necessitava. Não para me tornar numa pessoa melhor (também ajudou, claro), mas para conseguir entender que há de facto algo que nos move, algo que é superior e maravilhoso. Divino. Há quem chame a essa força Deus. Eu acredito nela, e acredito também que faça parte da natureza, da nossa e da que nos rodeia.

    E sabe que mais? Muito obrigada pelo conselho! Se não o tivesse mencionado nem o contemplaria, mas com tanto tempo de espera posso realmente tomar um bom banho e relaxar. Assim chegaria bem mais fresca a casa, embora o descabelada “ya no se me quita” ;) Fico então à espera dos detalhes! De qualquer forma, como bem se diz, “quem tem boca vai a Roma”. Chegando, em caso de dúvida, pergunto.

    Abraço

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  7. Sim, senhor. Parece cena de filme. :D

    Também tenho sempre grandes planos para ocupar o tempo em situações de espera e, na hora, não dá vontade de fazer nada.

    Por que será?

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  8. Pois é Gimbras, porque será que essa vontade de “fazer nada” nos invade? Mas como disse, penso muito nessas ocasiões, e pensar também faz bem e é necessário para organizar ideias, definir objectivos e tomar decisões ;) Por isso, não é tempo perdido!

    Beijinhos

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  9. Verdade, dá para aproveitar o tempo reorganizando-nos a nós mesmos!

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