Friday, September 4, 2009

No hay de otra…


No hay de otra, si no cumplir con nuestras obligaciones!

Na investigação, para além de todo o trabalho exigido no laboratório ou em frente ao computador para reunir, analisar e publicar resultados, há que ter a capacidade de o saber divulgar, expôr. Fascina-me quando em conferências ouço certos investigadores com uma desenvoltura invejável a explicar com clareza e sabedoria o seu trabalho, captando a atenção e curiosidade do público. Quantas vezes não estive em plenárias e pensava para mim "como gostaria um dia ter o poder da palavra para dar a conhecer o meu trabalho, a minha dedicação e esforço". E apesar de ter tido um supervisora irlandesa do mais rude que se possa imaginar, em que todas as reuniões parecia ter a necessidade de me fazer sentir uma ignorante (eu ainda acho que essa era a forma de se libertar de algumas das suas frustrações; no fundo, no fundo tudo o que aguentei até foi uma obra de caridade...), pelo menos ensinou-me algo de construtivo e útil para o meu futuro como investigadora dizendo-me: “serás sempre capaz de fazer uma boa apresentação do teu trabalho, só tens de praticar, praticar e praticar!”; e deu-me também algumas estratégias de como realizar uma apresentação sem mostrar o nervosismo que possa existir, e a postura a ter nessas ocasiões. Acho que em dois anos e meio, durante o meu mestrado, estes foram os ensinamentos mais proveitosos que tive por parte da minha supervisora; e o único incentivo que dela recebi em todo este tempo foi um well-done. Mas concentrei-me no que tinha de fazer e terminei o que tinha a terminar.


My first oral presentation at the 37th Annual Research Conference Food, Nutrition & Consumer Sciences, Cork, Ireland (6 September 2007); Não parece, mas bem ali ao fundo ao pé do "blackboard" sou mesmo eu :)


Esta passada segunda-feira comunicaram-me aqui na Universidade Autónoma de Coahuila que teria de dar um seminário sobre o trabalho que realizei desde Agosto de 2008 até ao presente momento. Já me imaginava a falar um par de horas no mínimo (e com tudo bem resumido, porque se vou a detalhes…). Mas avisaram que teria a duração de 40 minutos e outros 20 para perguntas. Claro que já esperava, antes de regressar a Portugal, que me pedissem uma apresentação do que “andava aqui a portuguesa a fazer” (assim me chamam alguns amigos em tom de brincadeira, "a portuguesa"). Por saber que a qualquer momento me pediriam a respectiva apresentação há muito que fui adiantando essa tarefa, e esta semana dediquei-a mesmo só a definir alguns detalhes e praticar o meu espanhol científico. Hoje foi o dia da apresentação e correu muito bem; cheguei mesmo a sentir um certo entusiasmo interior ao explicar cada objectivo e cada conclusão a que cheguei com o meu trabalho. Mas espero um dia possuir esse magnífico dom de falar em público e conseguir desfrutá-lo ao máximo. Quem sabe um dia!...

6 comments:

  1. Olá SM,

    Como dizia essa sua velha amiga, que tão carinhosamente refere no seu texto e que foi sua supervisora na Irlanda, claro que vai conseguir encantar auditórios cheios de gente. O segredo não é difícil de desvendar. Mas ela guardou-o. Não se trata de ir praticando, porque isso só me lembra aquelas pessoas que quando lhes chamamos à atenção por uma asneira no trânsito, nos respondem logo que têm carta de condução há não sei quantos anos. De nada serve praticar, se forem sempre más experiências. Para conseguir sucesso nas suas apresentações, só tem de assegurar duas coisas: o genuíno interesse da matéria que for apresentar e tem de acreditar religiosamente nisso, por forma a que quem assista possa captar essa convicção como um sinal de confiança; a partir daí, verá que as palavras fluem com facilidade e segurança.

    Um beijo,

    Alex

    PS - Well done! É um orgulho, não é?...

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  2. Olá Alexandre!

    Penso que nesse momento, enquanto me preparava para a apresentação, a minha “amiga” tinha a melhor intenção; a de me apoiar com alguns dos seus conselhos que acreditava serem os mais adequados (até porque de forma indirecta o seu trabalho também estava ser avaliado). Se calhar até pretendia mesmo transmitir-me através dessas indicações o que o Alexandre descreveu em relação à importância e crença no trabalho que desenvolvemos. Mas a sua falta de tacto para explicar o que quer que fosse, o seu tom de voz tirano, ou até mesmo aquele seu olhar maléfico banhado de alguns pesados segundos de silêncio entre cada frase sua (já para não mencionar como se cuspia toda a falar) não a deixaram expressar-se como devia. Eu seguirei as suas dicas (do Alexandre!) com afinco e certamente me guiarão a apresentações de sucesso!

    Um abraço,

    Silvia

    PS. Um “well done” vale o que vale dependendo de quem vem! :)

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  3. congrats amiga! eu sabia que ias ser um sucesso :)
    e quanto aos nossos respectivos supervisores na irlanda (que deus sabe que nos fizeram a vida negra), de certo modo, ajudaram-nos. tornaram-nos mais fortes e com mais probabilidades de sucesso ;)
    bjinho.

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  4. Pois eu acho que tu, como escreves tão bem e estruturadamente, apenas tens de o fazer oralmente. Passa da escrita à oralidade.

    Conseguiste tirar o positivo do negativo dessa tua supervisora e concluiste o que muitas vezes concluo: sou o alvo preferido de muita gente frustada que me usa para se pôr em bicos de pés fruto do seu complexo de inferioridade gritante. Como sei disso, também penso que, ao menos, estou a fazer uma boa acção.

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  5. Obrigado Li! E sim, tornamo-nos mais fortes mas passamos mesmo a porra de um mau bocado. Como dizem aqui, HIJOS DE LA CHINGADA; e como digo eu, que metam as suas frustrações e mau feitio num sítio que eu cá sei!

    Beijinhos

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  6. Olá Gimbras!

    Obrigada pelo elogio sobre a minha escrita, mas fosse tão fácil como dás a entender passar da escrita à parte oral. Claro que depende muito da pessoa, do seu à vontade para falar em público. Para além dos conselhos que deu o Alexandre, acredito que a experiência nos vai tornando mais hábeis para o fazer cada vez melhor.

    Sem dúvida que tirei grandes lições de tudo o que vivenciei com essa senhora irlandesa. E quanto ao ser alvo da sua frustração, infelizmente na altura não soube gerir isso da melhor maneira, mas deu-me as armas necessárias para hoje em dia ser muito mais crítica (comigo e com os outros) e saber defender o meu ponto de vista, sem receio de uma resposta negativa (tudo em relação a trabalho, claro). Fez-me mais forte! (como diz a Li).

    Abraço,
    Silvia

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