Sunday, January 16, 2011

Trilha para o Vale do Capão

Início da trilha - Pone

Entre várias trilhas que desejava realizar ao chegar a Lençóis, a do Vale do Capão estava no topo da lista devido a um contacto feito - ainda em Portugal - na área da terapia ayurvédica (que venho desenvolvendo desde o último trimestre do ano passado). Foram quatro dias non-stop de trilha com a autenticidade do acampamento selvagem pelo meio da aventura – e que aventura! A trilha iniciou-se numa terça por volta das 6 horas. O início do trajecto deu-se na localidade de Pone – a 23 quilómetros de Lençóis - onde chegamos com a ajuda de uma van que cobrou 6 reais por pessoa. Ao sair da van a paisagem convidava a uma paragem contemplativa, embora o começo da caminhada não pudesse tardar muito.

Apesar da minha paixão pelo Sol e pela sua energia e simbolismo, é compreensível a preferência de um clima mais ameno para se fazer uma caminhada. No entanto, além de um clima mais ameno neste início de trilha, tivemos valentes chuvadas que apesar de dificultarem a caminhada deram um encanto diferente à mesma. Breves paragens foram feitas até chegarmos ao primeiro ponto de acampamento – Águas Claras – e nem a chuva nos fez perder o bom ritmo de caminhada e ainda antes do almoço já estávamos no destino desejado.

Morrão - Águas Claras

Enquanto nos aproximávamos do local para acampar avistámos uma tenda, o que já comprovava que não estaríamos sós. Quando lá chegamos tornou-se óbvia a presença de outros aventureiros que, para além de se entregarem ao prazer da caminhada da trilha, se entregaram também ao prazer de desfrutar a essência da Natureza que os rodeava como vieram ao mundo, completamente nus. Não fiquei surpreendida. Depois de pousarmos as mochilas a primeira tarefa foi catar ramos para atear fogo. Montar a tenda, um belo mergulho no poço e seguia-se a preparação do comer. Pouquíssimos minutos após o almoço fomos surpreendidos por uma chuvada que se mostrava demasiado forte para a estrutura frágil da tenda que possuíamos. Naquele cenário a ideia foi voltar a guardar tudo nas mochilas e seguir caminho até ao seguinte ponto de paragem – Vale do Capão. Nesse percurso tivemos sempre a companhia do Morrão e já bem perto do destino final - cerca de 1 hora e meia a pé - encontramos um lugar maravilhoso para acampar. A tenda foi reforçada com umas estacas de madeira e espessas camadas de folhas e fetos que formavam um telhado à prova de chuva e vento. Abençoado reforço… Que noite! Nunca durante um acampamento presenciei chuvas e ventos tão fortes e entre deslizes de sono e despertares agitados contavam-se os minutos para aquele tormento terminar.



Mesmo com um amanhecer húmido houve um bom pequeno-almoço com banana de café cozida e muito descanso. Depois do almoço seguimos caminho para o Vale do Capão. Ainda foi um belo esticão, mas valeu pela paisagem e pelo entusiasmo da caminhada, entusiasmo esse que se desdobrava entre conversas e o conhecimento de toda a flora e fauna que nos acompanhava durante o percurso (que será tema de outro post). Na vilazinha hippy do Vale do Capão já nos demos ao luxo de ficar numa pousada onde por um quarto para duas pessoas cobraram 25 reais, aproximadamente, 11 euros. Claro que por este preço não se encontra o luxo que muitos idealizam, mas para quem já tinha caminhado o que tínhamos caminhado, montado e desmontado tenda duas vezes, dormido pouco e pessimamente, uma cama e um banheiro são como que um oásis no meio do deserto. Mas mesmo com as pernas e os pés doridos houve energia para ir ao centro da vila ao entardecer e apreciar o lugar e as gentes. Senti-me quase que noutra dimensão e só me vinha à cabeça “isto é muita maconha valha-me santa paciência!”. E pensei isto sem qualquer tipo de crítica, pois cada um é livre de fazer com a sua vida o que bem entende, mas achei o ambiente pesado. No dia seguinte, ainda de ressaca física, seguimos para Bomba onde encontraríamos o Poço Angélica e a Cachoeira da Purificação. Depois de uma boa caminhada, muitas risadas e algumas surpresas chegamos.



No último dia de trilha, como já era de prever, houve muita caminhada, muita subida e muita rocha para chegar ao Morro dos Cristais. Para quem não sabe, aqui na Chapada Diamantina, há diversos tipos de cristais que se podem encontrar em locais específicos. Um dos cristais mais conhecidos e vendidos na cidade de Lençóis é o quartzo hialino e neste Morro brotam do chão estes pedacinhos mágicos de energia. Para quem acredita no poder dos cristais, sem qualquer dúvida, este lugar é muito especial. Há uma energia única! (Tens de vir aqui Carlinha! :)



Antes de chegar a Lençóis houve ainda uma paragem no Rio Ribeirão onde almoçamos. Por volta das 19h chegamos à cidade não sem antes a dita chegada ser abençoada com uma forte chuvada que nos refrescou a alma!


Ready for the next one! ;)

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