Wednesday, March 2, 2011

20 dias em Recife


Entrada para o Instituto Ricardo Brennand, Recife

Os dias vão passando e a lembrança de que deveria actualizar este meu canto com maior frequência é constante; mas, pelo cansaço físico ou mesmo pela vontade de me distanciar das tecnologias quando chego ao meu descanso, sou levada a este atraso silencioso. Assim, ficam os detalhes na memória, e em breves notas minhas escritas no bloco que trago sempre comigo. Agora, com algum tempo e paciência, tentarei sintetizar os 20 dias passados em Recife.

Chegar a Recife e deparar com uma cidade de trânsito confuso e bastante suja não foi surpresa. O que me surpreendeu foi encontrar uma cidade tão desenvolvida e tão pouco cuidada para a fama de cidade turística que tem. Mas aqui é a minha percepção que está errada; embora hajam bastantes turistas em Recife - basta ir até ao Recife antigo ou à bela e cuidada praia de Boa Viagem - são lugares como Olinda, Natal, Pipa, João Pessoa, entre outros que ficam nos arredores, que carregam esse destaque turístico. No entanto, há realmente muita coisa para explorar e conhecer na cidade de Recife. A primeira visita, como não poderia deixar de ser, foi à Praia de Boa Viagem. Mar de tonalidade esverdeada clara que apela ao banho, muitas vezes impedido durante maré cheia pelo ataque de tubarões. É simplesmente abismal ver a quantidade de placas avisando perigo de ataque de tubarões em maré alta ao longo dos 7 km da orla de Boa Viagem. No entanto, em dias de maré baixa, é com segurança que se vêem famílias numerosas banhando-se descontraidamente pela protecção dos arrecifes. Já várias foram as visitas à praia, as caminhadas pela orla, água de coco, mas nenhum banho ainda; creio que será esta próxima sexta-feira se a maré o permitir!

A seguinte visita foi ao Instituto Ricardo Brennand que, mais do que um espaço cultural que reúne história e arte num complexo formado pelo Castelo, Pinacoteca e Biblioteca, foi um escape maravilhoso à confusão e poluição da cidade. As fotos que se seguem demonstram bem o que falo. Deu para relaxar e desfrutar um pouquinho do que a Mãe Natureza nos tem para oferecer e nem sempre estamos à altura de receber, pois teimamos em desvalorizá-la e maltratá-la.



Não resisto a contar uma peripécia que me aconteceu em Salvador e que demonstra bem a origem do lixo em muitas cidades no Brasil e no Mundo: MENTALIDADE. Estava sentada numa paragem de autocarro, esperando e desesperando - foi tal o desespero que depois acabei por seguir caminho a pé - quando um veículo pára e, enquanto algumas pessoas entravam e outras saíam, uma senhora do lado de dentro do ônibus atira pela janela um plástico, sem qualquer problema de consciência, como se de um hábito se tratasse. Achei tão despropositado e cruel para com o meio ambiente que não me contive e perguntei à senhora, desde o banco em que me encontrava até à pequena janela pela qual ela espreitava e apreciava o movimento: "Para quê isso senhora? Guardava e jogava o lixo em casa!". Como resposta obtive um sorriso, um encolher de ombros e o seguinte comentário: "Estamos na Bahia!". Não resisti e ri abanando a cabeça face ao comentário absurdo. Mas para fazer valer o meu protesto, levantei-me, aproximei-me do autocarro pegando no pedaço de plástico (resíduo de picolé meio comido) e coloquei-o no cesto do lixo que estava mesmo ao lado da paragem. Depois desta situação, a senhora voltou a sorrir-me e deu o sinal do polegar em forma de agradecimento. Toda gente olhava e o único pensamento que me ocorreu, talvez naive, foi que sempre que essa senhora deitasse algo pela janela do autocarro se recordasse desta situação e isso a impedisse de o fazer. É tudo uma questão de mentalidade, é tudo uma questão de educação. É necessário mudar!

E para terminar o post de hoje deixo aqui uma das estátuas que mais apreciei nos jardins do Instituto Ricardo Brennand. Intitulei-a de Mulher Guerreira :)

Mulher Guerreira

4 comments:

  1. Silvia, tudo bem? Essa escultura que mencionas não é do colombiano Botero?
    Beijos

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  2. Tudo bem Antonio! E consigo? Como corre o trabalho e essa azáfama entre aeroportos? :)

    Pois, na verdade, adoraria saber o autor desta obra-prima mas não consegui desvendar no dia da visita ao Instituto Ricardo Brennand. Mas agora com a sua pista vou investigar ;)

    Abraço
    Silvia

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  3. começas com "os dias vão passando e a lembrança de que deveria actualizar este meu canto com maior frequência é constante"... deveria escrever isso no meu blog que ja nao é actualizado desde outubro 2010...
    saudades amiga... ja nao falo contigo ha tanto tempo!!! envia-me sff um contacto telefonico ou entao marca um dia para falarmos no skype.
    bjinhos grandes!!!

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  4. Que SAUDADE Amiga! Faz tempo que tento "encontrar-te" pelo msn ou pelo skype! Estou desejosa por ter notícias tuas! E vamos lá a dinamizar esse teu cantinho (blog)! ;)

    Beijos e até já :)

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